Para celebrar os 100 anos da bênção inaugural da Capela dedicada à Santa Catarina de Alexandria, V.M., preparamos uma exposição virtual que pode ser vista em nosso site e nossas redes sociais. A visitação será aberta ao público quando as atividades culturais forem autorizadas pelos governos estadual e municipal.
É um convite para viajar ao passado, visualizar importantes acontecimentos, como também conhecer curiosidades sobre fatos e peças que remontam à origem e evolução deste espaço sacro em plena Avenida Paulista.
Em 1919, no dia 25 de novembro, Dia de Santa Catarina, foi colocada aqui a pedra fundamental da nossa Capela. E no dia 06 de setembro de 1920, o então Arcebispo de São Paulo, Dom Leopoldo e Silva, realizou a inauguração da Capela com uma celebração eucarística.
Mais do que um templo, a Capela é um lugar para se fazer a experiência de Deus. Ao longo desses 100 anos, muitas pessoas vieram à nossa Capela para agradecer, chorar, buscar forças com o intuito de continuar a caminhada diante da cruz da enfermidade.
Confira aqui algumas delas e sua importância ao longo da história:
Harmônio - 1890
Instrumento musical de teclas, cujo funcionamento é muito similar ao de um órgão, mas sem os tubos. Apesar de feito para uso doméstico, tornou-se um instrumento musical de uso típico em igrejas. O som do harmônio é parecido com o do acordeão. Era tocado pelas Irmãs nas celebrações litúrgicas.
Cálice e patena - 1920
No cálice se deposita o vinho que será transubstanciado no Sangue do Senhor. Na patena, a hóstia que se transubstanciará no Corpo do Senhor. Objetos litúrgicos usados nas celebrações Eucarísticas.
Missal de Exéquias - 1921
Livro utilizado nas celebrações de pessoas falecidas. Todos os textos estão em latim, língua utilizada nas celebrações litúrgicas.
Ampolas para os santos óleos - 1925
O óleo, cujo significado e importância são encontrados na Sagrada Escritura, é usado nos sacramentos do batismo (óleo dos catecúmenos); sacramento da crisma (óleo do crisma); no sacramento da ordem (óleo do crisma) e nos enfermos (unção dos enfermos). Os óleos dos catecúmenos, crisma e unção dos enfermos são guardados nessas ampolas. Certamente, o mais utilizado foi, e ainda continua sendo, o óleo da unção dos enfermos.
Missal Romano - 1926
Livro utilizado nas missas, pelo presidente da celebração, onde se encontram todas as orações específicas da celebração eucarística. Esse Missal, por ser antigo, foi redigido em latim. Até o Concílio Vaticano II (1962), todos os atos religiosos eram realizados em latim. Após o Concílio, passou-se a adotar a língua vernácula nas celebrações.
Genuflexório - 1938
Ficava na sacristia. Após o padre "dizer a missa", como se costumava falar naquela época, ele ia para a sacristia e passava algum tempo ajoelhado no genuflexório, rezando as orações próprias do pós-missa.
Cadeira Episcopal - 1940
A cadeira presidencial que compõe o presbitério é o lugar de destaque daquele que está presidindo as celebrações. Quando um bispo presidia as ações litúrgicas na capela, utilizava-se essa cadeira diferenciada, denotando a importância do episcopado.
Crucifixo - 1940
Ficava na sacristia e servia como objeto de veneração. Antes e após as celebrações, o presidente da celebração e seus ajudantes viravam-se para o crucifixo e recitavam as orações próprias, as preparatórias e as conclusivas, das celebrações litúrgicas.
Castiçal - 1940
Quando o bispo era o presidente da celebração, nas solenidades e festas importantes, alguém segurava esse castiçal, com a vela acessa, durante todo o ato litúrgico.
Baldaquino para ostensório - 1950
Depositado sobre o altar, servia para suportar o ostensório, no qual continha a Eucaristia. Como é móvel, utilizava-se nos momentos de Adoração ao Santíssimo.
Vitrais da Capela
Além de uma beleza estética ímpar, os vitrais laterais da Capela também são fonte de evangelização. Cada vitral traz uma mensagem específica da obra da salvação.

Este primeiro vitral, ao lado direito de quem entra na Capela, próximo ao presbitério, narra a obra da criação. A Trindade Santa, simbolizada pelo triângulo, se expande de amor e cria o cosmos e sua obra-prima, o ser humano. É o Pai do céu, onipotente e misericordioso.
Neste segundo afresco, encontramos o centro da fé cristã: o mistério Pascal de Cristo. O Filho, Redentor e Salvador, entregou-se na cruz para redimir a humanidade de seus pecados. Entregue e morto na cruz, Ele ressuscitou. A vida vence a morte. A luz vence as trevas. A graça supera o pecado.
Neste vitral encontra-se a figura da terceira pessoa da Santíssima Trindade. Amor do Pai e do Filho, o Espírito Santo é o Santificador. Tem o múnus de recordar e atualizar tudo o que Jesus Cristo fez e ensinou aos seus discípulos.

O quarto vitral narra o Sacramento da Eucaristia. É o alimento, por antonomásia, do cristão. Da entrega redentora do Filho na Cruz, pela santificação do Espírito Santo, a Eucaristia é a perpetuação sacramental da presença do Cristo entre nós.
Aqui encontra-se, ainda, uma alusão ao Sacramento da Eucaristia. Entretanto, a Eucaristia está sendo suportada por um lírio. O lírio na tradição católica é o símbolo da Virgem Maria. Portanto, Maria é aquela que concebeu Jesus e, seu Filho, para perpetuar sua memória entre nós, se fez alimento.
Jesus, ao longo de sua vida pública, quis contar com pessoas, homens e mulheres, para que a sua pregação chegasse até os confins da terra. Esse vitral faz alusão ao ministro ordenado (padre). Foi delegado ao presbítero a missão de consagrar, pela força do Espírito Santo, o pão e o vinho, que se tornam o Corpo e Sangue de Cristo. Vale ressaltar que dentro da Eucaristia, estão cravadas as letras IHS. São iniciais da terminologia em latim “Iesus Hominum Salvator” – Jesus Salvador dos Homens.
Vitrais do Presbitério
Ao fundo do presbitério da Capela do Hospital Santa Catarina encontram-se dois belos, significativos e evangelizadores vitrais dedicados às Santas Valburga e Elizabeth, muitas vezes confundidas com Santa Catarina.
Embora não se tenha uma fonte segura do porquê da escolha dessas duas santas para estarem em um lugar de destaque no presbitério, pelo breve relato de suas vidas, consegue-se encontrar algumas razões.
Santa Elizabeth nasceu em 1207 no seio de uma família real. Desde tenra idade, foi prometida em casamento ao rei Ludovico IV. Casou-se aos 14 anos. Embora de sangue real, vestia-se com muita singeleza e era muito atenciosa com os menos favorecidos do seu reino. Tudo o que fazia era em honra ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Conta a tradição que, sorrateiramente ela deixava o palácio real e enxia seu avental com pães para os pobres. Em certa ocasião, ela foi encontrada pelo seu marido, o rei, na rua distribuindo pão aos pobres. Ele, estarrecido em encontrar a rainha na rua, pergunta o que ela estava carregando em seu avental. Atônita, Elizabeth deixa cair o avental aos pés do marido e ao invés de pão, apareceram magníficas rosas. Ao ficar viúva, Elizabeth foi vilipendiada pelos familiares de seu marido, por conta de herança. Diante dessa situação, ela foi morar em uma comunidade religiosa.
Em 1229, Elisabeth doa a sua riqueza para construir em Marburgo (Alemanha) um hospital em honra de São Francisco de Assis. A direção do hospital foi dada aos franciscanos, mas ela mesma servia pessoalmente aos doentes e leprosos.
Durante 4 anos, Elisabeth faz uma vida de extrema penitência e de intensa caridade, não comendo, não dormindo, dando tudo aos pobres. Correndo ao leito dos doentes, vivia como pobre e como pobre se adoentou. Morreu em Marburgo, no dia 17 de novembro de 1231, quando ela não havia ainda 24 anos.
Fonte: https://digilander.libero.it/raxdi/porto/index4.htm

Santa Valburga nasceu no ano de 710. Era filha do rei dos Saxões. Santa Valburga tinha dois irmãos: o bispo Vilibaldo e o monge Vunibaldo. Durante uma peregrinação com seu pai, mãe e irmãos aos Lugares Santos, Santa Valburga retirou-se numa abadia. E foi ali que descobriu a beleza do chamado de Deus, consagrando-se inteiramente ao Senhor. Em 748, foi enviada por sua abadessa à Alemanha, junto com outras religiosas, para fundar e implantar mosteiros e escolas entre populações recém-convertidas.
Na viagem, uma grande tempestade foi aplacada pelas preces de Valburga. Por ela, Deus já operava milagres. Na Alemanha, construiu dois mosteiros e tornou-se abadessa do mosteiro. Por isso, na imagem ela é retratada com um báculo (cajado). As obras assistenciais executadas pelos seus religiosos fizeram destes mosteiros os mais famosos e procurados de toda a região. Diante de tantos prodígios realizados ainda em vida, destaca-se o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de orações ao seu lado. Morreu no dia 25 de fevereiro de 779 e seu corpo foi enterrado no mosteiro de Heidenheim, onde permaneceu por 80 anos. Mas, ao ser trasladado para a igreja de Eichestat, quando de sua canonização, em 893, o seu corpo foi encontrado ainda intacto. Além disso, das pedras do sepulcro brotava um fluído de aroma suave, como um óleo fino, fato que se repetiu sob o altar da igreja onde o corpo foi colocado. O seu culto, em 25 de fevereiro, se espalhou rápido, porque o óleo continuou brotando. Atualmente é recolhido em concha de prata e guardado em garrafinhas distribuídas para o mundo inteiro.
Fonte: https://santo.cancaonova.com/santo/santavalburga-a-grande-abadessa/
Madre Regina Protmann
Na parte interna da Capela, encontra-se uma pintura de Madre Regina Protmann de autoria do especialista em arte sacra, Claudio Pastro.

Regina Protmann nasceu em 1552, na Polônia e, aos 19 anos, deixou a família e a confortável vida que tinha para dedicar-se aos mais necessitados. Era devota de Santa Catarina de Alexandria e escolheu a Virgem e Mártir como padroeira da Congregação que formou.
No dia 18 de janeiro de 1613, ela faleceu aos 61 anos. Entretanto, seu carisma e estilo de vida continuaram inspirando a Congregação das Irmãs de Santa Catarina, que leva o seu legado adiante em diversos países e também no Brasil, onde chegou em 1897, em Petrópolis/RJ.
O autor da obra, Claudio Pastro, cursou teoria e técnicas de arte na Abbaye Notre Dame de Tournay (França), no Museu de Arte Sacra da Catalunha (Espanha), na Academia de Belas Artes Lorenzo de Viterbo (Itália), na Abadia Beneditina de Tepeyac (México) e no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.
É autor de pinturas, vitrais, azulejos, esculturas e outras obras religiosas, em diversos países, como Alemanha, Argentina, Bélgica, Itália e Portugal. Entre os trabalhos realizados destacam-se: o acabamento do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e o monumento em honra a Nossa Senhora Aparecida, nos Jardins do Vaticano. Ele faleceu no ano de 2016.
Afrescos de Marco Ulgheri
Em 1998, Marco Ulgheri pintou cinco afrescos na fachada da Capela, que contam a vida de Santa Catarina. As imagens retratam momentos marcantes de sua vocação, fé e entrega pelo ideal vivido.
Marco Ulgheri é um artista italiano, especialista em técnicas de pintura antiga. Ele também foi responsável pela exposição permanente "História da Medicina", um conjunto de 24 placas de bronze em baixo-relevo, dispostas na fachada do nosso Hospital. Além disso, ele idealizou e coordenou a seleção das obras expostas também na fachada, em frente ao jardim, com o tema "Maternidade".
O primeiro afresco simboliza a opção que Catarina fez por Jesus Cristo.
A segunda cena conta como foi a tentativa do imperador de afastar a jovem da religião cristã com uma discussão pública com filósofos, prometendo um prêmio àquele que conseguisse convencê-la. Iluminada pelo Espírito Santo, ela respondeu a todos com tanta clareza e sabedoria, que os próprios filósofos abandonaram o debate.
A fé de Catarina foi tão intensa que mereceu um afresco dedicado a ela. Nele, se vê a jovem em sua conexão com Deus, o que a motivava a seguir seu caminho e se dedicar ao próximo.

Sem conseguir afastar Catarina de sua fé, o imperador Maximiano ordenou sua prisão e a condenou ao martírio da roda. No momento em que ia ser estendida sobre ela, Catarina fez o sinal da cruz e a roda se despedaçou. A pintura retrata o momento do milagre, que fez com que o povo se rendesse ao louvor ao Deus dos cristãos.
Cada vez mais enfurecido, o monarca pronunciou a sentença de morte. Após uma oração de louvor, agradecimento e súplica ao verdadeiro Deus, Catarina foi decapitada.